quarta , 16 de janeiro

Contos ao Entardecer

O prazer da leitura

No final de tarde do dia 10 de janeiro, reuniram-se no Centro Social de Azurva um grupo de pais e filhos e outros curiosos para escutarem alguns contos.

Num ambiente acolhedor, os contos saíram da boca de cada contador e cresceram nas orelhas de cada ouvinte. “Contos de ratinhos”, a Rainha das Cores de Juta Bauer, o tradicional “Coelhinho Branco” e as histórias non-sense e de humor do autor Daniil Harms, foram os contos escolhidos para este encontro.

Comprovou-se uma vez mais que os contos não têm idade, tanto chegam aos pequenos que querem ser grandes como aos grandes que desejam voltar a ser pequenos. A leitura foi o que uniu todos os presentes.

De facto, ler não é apenas algo que muitas pessoas gostam de fazer, mas algo que todos precisamos de aprender. Estar rodeado de livros e ouvir ler em voz alta desde bebé são práticas muito importantes para formar leitores. Desde a creche até ao pré-escolar, e obviamente no seio da família, as crianças estabelecem uma ligação com os livros que será uma relação de dependência porque não prescindirão da sua companhia nem dos momentos diários de ouvir uma história.

O escritor e professor francês Daniel Pennac no livro Como um romance fala-nos sobre a sua experiência como "formador de leitores" e como conseguiu despertar nos alunos o gosto pela leitura, livros e autores. Entre outras questões que aborda sobre o aprender a gostar de ler, passo a citar um parágrafo que explica que a leitura não deve ser uma obrigação: “O verbo ler não suporta o imperativo. Aversão que partilha com alguns outros: o verbo ‘amar’... o verbo ‘sonhar’... Bem, é sempre possível tentar, é claro. Vamos lá: ‘Ama-me!’ ‘Sonha!’ ‘Lê!’ ‘Lê já! Que diabo, eu estou a mandar-te ler!’

Enquanto educadores (entenda-se os profissionais e os pais), temos a responsabilidade de fazer com que as crianças procurem e sintam prazer na leitura. A família constitui um importante espaço de aprendizagem, facilitador e potenciador das competências ligadas à leitura e à escrita: através da existência e acessibilidade aos livros; ao ler-se às crianças e verem os adultos a lerem regularmente; a irem à biblioteca e requisitarem livros; os pais expressarem atitudes positivas face à leitura…

Os educadores como mediadores da leitura e dos livros aproveitam a facilidade de encantamento das crianças desta idade, e oferecem-lhe livros de qualidade, histórias e contos que permitem alargar o seu imaginário e as competências que escoram a criatividade e a interpretação do mundo.

Ler em casa, na creche e no jardim de infância tem de ser uma prática continuada. Isto é só o início de um processo que deverá ser cultivado e alimentado cada dia para que nos possamos renovar constantemente como bons leitores.

Os Contos ao Entardecer permitiram criar um espaço e um tempo em que a escola e a família se reuniram com o mesmo objetivo: a leitura e os livros. Este será, sem dúvida, um momento a repetir durante este ano letivo.

 A questão não é saber se tenho tempo para ler ou não (tempo que, aliás, ninguém me dará), mas se me ofereço ou não a felicidade de ser leitor.

                                                                              Daniel Pennac, Como um romance (1992)

Contos ao Entardecer
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