terça , 8 de novembro

Fazer pedagogia em creche

“ Mas o que é que fazem com eles?...São tão pequenos.”

Este comentário de uma mãe recente foi motivo de alguns risos e de uma longa conversa sobre o trabalho que diariamente tentamos desenvolver na Creche do C.S.A.
Os primeiros 3 anos de vida são um período notável de crescimento em todas as áreas de desenvolvimento. São também um período em que se estabelecem as bases para o futuro. Todas as crianças pequenas precisam de experiências de vida e de aprendizagem de qualidade que promovam o seu desenvolvimento intelectual, social, emocional.
A OCDE apontou lacunas graves à Educação de Infância em Portugal, nomeadamente na faixa etária dos 0-3anos, considerando que a falta de intervenção nestas idades se revela como um desperdício de oportunidades na aprendizagem.
É precisamente contra este desperdiçar de oportunidades que temos lutado ao longo dos anos na nossa Creche, porque, para nós, a educação não começa a partir dos 3 anos…
As pedagogias participativas estão na base da pedagogia que desenvolvemos, encarando a criança como ativa, consciente do seu poder, capaz de fazer escolhas, implicada e envolvida. Assim,”escutar a voz das crianças” (no sentido observacional) é fundamental, pois, é deste modo que percebemos como as crianças expressam os seus pontos de vista. Através do brincar e das suas ações e reações, falam com os adultos. As suas vozes começam quando nascem.
É à volta desta escuta que tudo se constrói e, é igualmente a partir da forma como esta ou aquela criança interage com o mundo e com as coisas que lhe oferecemos, que organizamos o espaço, o tempo e as experiências que proporcionamos, conforme os exemplos a seguir:  

Quando o Afonso, uma criança de 1ano e meio, amassa o pão durante a hora do lanche, observando atentamente as suas mãos, o Educador entende que deverá proporcionar algum tipo de atividade, onde esta e outras crianças possam dar azo a esta descoberta, transformando-a, deste modo, em aprendizagem. Sendo assim, o Educador planeia trazer, para um tempo de grupo, massa de farinha e pauzinhos.

A Rita tira as meias dos pés e vai repetindo, “mei? mei?. Mais uma vez o Educador planeia, com a sua equipa, uma atividade que possibilite o alargar desta experiência. São trazidos para a sala (tempo de grupo) alguns acessórios (meias, luvas…)

Como já foi referido anteriormente, a Pedagogia - em – Participação, sobre a qual alicerçamos a nossa prática, entende a ação em educação de infância como a criação de espaços e tempos pedagógicos onde se valorizam as relações e as interações, as experiências e os saberes das crianças, em diálogo com os saberes e as experiências dos adultos. Esta perspetiva exige ao Educador uma atitude e uma intervenção ativa, planeada e intencional, enfatizando os processos de observação e escuta.
Todas as semanas, a equipa reúne se para que se possa planificar e discutir o trabalho desenvolvido ou a desenvolver, tentando garantir o conhecimento de cada criança.
 O espaço organiza-se por áreas com materiais diversificados de modo a garantir flexibilidade e ordem, pois o princípio é “encontra- brinca-arruma”.
Pretendemos ainda que seja confortável, acolhedor e que apoie exploração sensorial da criança.
O tempo e a rotina que estabelecemos para as crianças, tentam acompanhar os seus ritmos biológicos de descanso, de sono, de se alimentar, etc. Apostamos numa rotina flexível e facilitadora mas, ao mesmo tempo, consistente e regular, sem tempos inesperados ou imprevistos. O princípio é “ eu sei o que vem a seguir”.
As atividades privilegiam os interesses das crianças e o seu modo de interação com as pessoas e os objectos-os educadores seguem as crianças não seguem planos.

Fazer pedagogia em creche
Fazer pedagogia em creche
Fazer pedagogia em creche
Fazer pedagogia em creche
Fazer pedagogia em creche

voltar