segunda , 2 de maio

Brincar na Área do Faz-de-Conta

No início do ano, quando a Educadora perguntava a cada criança para onde queria ir brincar e o que ia fazer, alguns apontavam para o local e outros diziam o nome da área da sala. A área do faz de conta era e continua a ser muito apreciada por todas as crianças! Inicialmente, o jogo simbólico era muito simples: brincavam com adereços (chapéus, meias, colares, etc.). Agora, decorridos estes meses, quando as crianças planeiam, o seu raciocínio e a sua linguagem são muito mais elaborados. Escolhem para onde querem brincar, o que vão fazer e até com quem. Ex. “Vou pó faz de conta fazer papa pós bebés e…passear.” Diana


Não podemos encarar a área do faz-de-conta numa perspectiva simplista e redutora, porque é um espaço onde decorrem múltiplas aprendizagens, não só a nível da relação com os outros e da sua própria visão do mundo mas também porque é uma área fortemente ligada à linguagem.


Qual a nossa visão da área do faz-de-conta?
Esta área pode ser transformada em tudo. Desde a tradicional casinha, ao palco de espectáculos, ao consultório do médico, ao restaurante, ao salão dos cabeleireiros, a um desfile de moda… Esta área conta com uma diversidade de materiais e disfarces que permitem que cada criança recrie o seu brincar. (O Renato virou os tachos ao contrário e começou a bater com as colheres. O Emanuel pegou num pau e fingiu que tocava viola. “O que estão a fazer?”-perguntou a educadora. “Temos uma banda!”)


Como as crianças brincam ao faz-de-conta?
Desde muito cedo as crianças brincam ao faz-de-conta. Crianças com um ano de idade reproduzem as suas experiências pessoais no jogo. (A Carolina colocou um bebé no carro e levou-o a passear. A Ana apanhou um babete e tentou colocá-lo no bebé. A Matilde foi buscar uma fralda ao cesto e tentou colocar no bebé.)
Numa outra fase do jogo simbólico, as crianças começam a fingir que um objecto tem outra função. (O Gonçalo pegou numa caixa e colocou-a na cabeça dizendo- Chapéu!)
À medida que alarga as suas experiências e a sua perspectiva do mundo, o jogo também se complexifica.
(A Rute sai da área do faz de conta com o carro, mas depois pára e vai ao cesto dos sapatos e calça umas galochas. A Beatriz J. também vai ao cesto buscar uns sapatos. Depois de se calçar, a Rute começa novamente a andar com o carro, passa pelo adulto e diz: “João, vou pa paia”. Enquanto passeia com o carro, trauteia uma canção.)
No Pré-escolar assistimos a um grupo de crianças que introduz elementos do fantástico no seu jogo reflectindo uma maior capacidade de cooperação e negociação entre os vários elementos do grupo. (Depois de assistirem ao musical a Bela e o Monstro no Teatro Aveirense, as crianças reproduziram a história no faz de conta. “Eu sou a Bela!”-Sofia  “Eu sou o Monstro!”- Diogo  “Eu sou o Gaston.”- Leandro)

Qual o papel do educador no jogo de faz-de-conta?
O educador assume-se como um ponto de referência no sentido em que não é tão importante o “jogar a”, mas ter uma atitude discreta, embora presente, e que proporcione pequenos desafios às crianças possibilitando a evolução do jogo. (Onde vais passear com o teu bebé? Vamos pendurar esta roupa?)
A possibilidade dada às crianças para explorar e experimentar, fá-las acreditar em si próprias e nas suas conquistas pessoais e permite-lhes crescer nas suas aprendizagens. Ao adulto cabe o papel de ser observador, sensível e suficientemente perspicaz para descobrir a fina linha que divide o apoio da imposição.
Quando observamos atentamente uma criança a brincar, podemos vê-la a explorar, repetir acções, fazer ligações, expandir capacidades, combinar materiais, correr riscos. Todos estes processos envolvidos no brincar parecem espelhar exactamente aquilo de que o cérebro necessita de forma a crescer e a funcionar eficazmente. Ao brincar, as crianças usam estratégias cognitivas como perceber, responder, concentrar, ensaiar, relembrar e repetir, de forma espontânea e deliberada.
Nos contextos de alta qualidade na infância o brincar é garantia da escuta e da liberdade da criança e o educador está consciente das potencialidades, da importância e dos ganhos com o brincar para a criança.
O brincar insere-se no vasto continente da aprendizagem: a ideia transforma-se em acto, a curiosidade em observação atenta e investigação, o desmontar em reconstrução e resolução de problemas, e o fazer transforma-se no dizer, nas narrativas, ou seja, na construção de significados.

Brincar ao Faz de conta
Brincar ao Faz de conta
Brincar ao Faz de conta
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