quinta , 24 de fevereiro

“Viva o Peixinho”

Um projecto em Creche-Sala 1

A Sala 1 conta com a presença simpática de um peixinho vermelho, oferecido pelos pais da Ana Maria no início do ano letivo. Todos os dias, crianças e adultos da sala cuidam do peixinho: dão-lhe comida e, uma vez por semana, mudam a água do aquário.

 Pela “força do hábito”, a palavra peixe começou, inicialmente, a ser ouvida, para depois ser falada:

“O Jonas viu no livro uma imagem de peixes e disse: Peixe!”
“A Matilde, quando quer dar comida ao peixe, diz: Pei!”

Durante um tempo de grupo, mostrámos às crianças uma imagem de outros peixes, mais precisamente, três douradas. No entanto, ninguém as reconheceu como peixes!

Em reflexão, pensámos que deveríamos ampliar a imagem mental de peixe que as crianças construíram. Pedimos colaboração aos pais para trazerem livros ou imagens de peixes e lançámos um desafio:


“Já agora, se tiverem oportunidade, passem com o(a) vosso(a) filho(a) na bancada do peixe de algum hipermercado ou, se quiserem ser mesmo audazes, passem no mercado da Praça do Peixe! Tirem fotografias e depois venham-nos contar a experiência.”

A mãe do Martim Santos trouxe fotografias de peixes coloridos e diferentes. Depois de as vermos em grupo, ficaram expostas na sala.

A mãe da Camila trouxe-nos a história “Viva o Peixinho!” e um livro com imagens de Tubarões.

Os pais da Carolina levaram-na ao mercado do peixe e contaram-nos a experiência:

“Uma visita ao mercado do peixe”

Era Domingo de manhã, no mercado da Costa Nova as peixeiras apregoavam o peixe chamando freguesas às suas bancas. Os olhos da Carolina reluziam com toda aquela azáfama, pois nunca tinha visto nada semelhante.
Quando olhou para os peixes ficou com um ar intrigado, como se não fosse aquilo que esperava ver. Na banca ao lado alguns linguados mexiam ainda as guelras, o que chamou a sua atenção. Tentou tocar, mas não gostou da sensação. O pai chamou a sua atenção para um polvo, a Carolina olhou para mim como que numa tentativa de confirmar o que o pai dizia e perguntei-lhe: “É muito diferente do polvo que tens na tua banheira, não é?” ao que a Carolina respondeu: “É”. No regresso a casa, a Carolina perguntou pelos peixinhos, disse-lhe que não os podíamos trazer todos e ela encolheu os ombros com um ar resignado.


Ana Bela Tomé (Mãe da Carolina)

Ao refletir sobre os processos vividos pelo educador e pelas crianças durante estas experiências, poderá se salientar três aspetos importantes na prática pedagógica da Creche do CSA.
A primeira ideia diz respeito à imagem de criança como um cidadão competente e com capacidade para construir o seu próprio percurso educativo como preconiza a pedagogia-em-participação da Associação Criança.
O segundo aspeto centraliza-se na capacidade de escuta e observação do educador de creche. “Escutar a voz da criança” é um instrumento poderoso porque o educador passa a ser, com base na voz da criança, “um proporcionador de ocasiões.”
Peter Moss diz-nos que, “ouvir a criança, mesmo na pré-oralidade, é um processo no qual necessitamos de estar abertos e atentos aos inúmeros e criativos modos como as crianças expressam os seus pontos de vista e experiências”… “as suas vozes começam quando nascem.”

Por último, realço a participação efetiva da família no processo de construção do conhecimento. Como primeiros educadores, os pais são desafiados a envolverem-se numa parceria em torno de projetos e de experiências significativas, resultantes das necessidades de desenvolvimento das crianças e da sua curiosidade em experimentar o mundo.

Viva o peixinho
Viva o peixinho
Viva o Peixinho
Viva o Peixinho
Viva o Peixinho
Viva o Peixinho

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